Diego Omar Peña Navia é o jovem
seminarista que sofre de uma doença terminal e foi ordenado sacerdote na
quinta-feira, 22 de agosto, graças a uma autorização especial concedida pela
Santa Sé.
Em relação a como a doença une
Peña ao Senhor, assim como a importância desse fato para a comunidade, o Bispo
de Garzón (Colômbia), Dom Fabio Duque Jaramillo, afirmou ao Grupo ACI que
"todos os acontecimentos que vivemos, quando o fazemos a partir de uma
experiência de fé, tornam palpável a proximidade de Deus".
“Isso se faz palpável no que
Diego Omar vive hoje. Nossa própria vida, com todos os seus sofrimentos, é a
melhor ocasião para nos associarmos à morte e ressurreição do Mestre”,
assegurou sobre a cerimônia realizada no dia 22 de agosto. Durante a sua
homilia, Dom Duque destacou que Peña é chamado a anunciar esperança em meio ao
seu sofrimento, onde Deus está sempre presente.
"A única coisa que queremos
confirmar é a maturidade na fé desse irmão, que lhe permite continuar
associando seu sofrimento colocando ali, em sua própria realidade, assumindo em
seu próprio corpo o sofrimento de Jesus", comentou.
A ordenação sacerdotal aconteceu
nesta quinta-feira, na igreja Catedral de São Miguel Arcanjo de Garzón,
pertencente à Diocese de Garzón, e contou com a presença de centenas de fiéis,
familiares e amigos.
Peña Navia foi ordenado diácono
em 21 de agosto, na capela do Seminário Maior Diocesano.
O Bispo também incentivou os
fiéis a compreenderem o significado deste acontecimento, lembrando que a
ordenação não foi realizada para que Peña possa celebrar a Missa antes de
morrer.
“A ordenação não tem como
objetivo que ele possa celebrar uma Eucaristia. A razão de ser é que esta
ordenação não é simplesmente para esta vida, esta ordenação é também para a vida
eterna”, enfatizou o Prelado.Do mesmo modo, refletiu que "ninguém tem a
morte como sua vocação". "Como é difícil para nós comprovar a partir
de nossa experiência de fé que a morte é apenas um passo, e que, com isso, o
definitivo começa", assegurou.
Nesse sentido, assinalou que é a
esperança que os reúne e que a fé ajuda a "afirmar a vontade de Deus nos
acontecimentos da vida". "Custa-nos renunciar ao nosso projeto de
vida e assumir o projeto de vida de Deus, que carrega os fios da nossa própria
história", assegurou.
“Você, querido filho Diego Omar,
que será ordenado sacerdote, será infundido na parte que corresponde a função
de ensinar em nome de Cristo. Transmita a todos a palavra de Deus que recebeu
com alegria, não a sua palavra. Ao meditar sobre a lei do Senhor, tente
acreditar no que lê, ensinar o que lê e praticar o que ensina. Que seu ensinamento,
sobretudo com a sua vida, seja alimento para o povo de Deus. Que sua história
seja um estímulo para os discípulos de Cristo, para que, com sua palavra e seu
exemplo, a casa que é a Igreja de Deus seja construída”, disse durante sua
homilia.
SUA VOCAÇÃO
Em declarações ao Grupo ACI, o
Bispo de Garzón explicou que o jovem de 31 anos teve um primeiro episódio da
doença muitos anos antes de entrar no seminário.
“Os médicos certificaram que não
havia mais nenhum vestígio em seu organismo do tumor que tinham encontrado. O
início da doença começou há oito ou nove anos”, manifestou.
Segundo o Prelado, o jovem estava
muito longe da fé e de qualquer experiência cristã antes de conhecer os
primeiros sintomas de sua doença.
No entanto, esta logo se
manifestou. O Bispo disse que foi o processo e a superação de sua doença
naquele momento que o levou a "buscar uma proximidade com Deus e a
Igreja".
"Começou a frequentar e
participar das celebrações litúrgicas que aconteciam em seu bairro e lentamente
começou a experimentar o que reconheceu como 'um chamado muito forte do Senhor,
manifestado de várias maneiras', para o ministério sacerdotal na Igreja"
comenta Dom Duque.
No entanto, Peña sempre resistiu
em reconhecer o chamado do Senhor. "Sempre resistiu e não demonstrava
muito interesse em responder às suas inquietações, ignorando o que ele
considerava acontecimentos precisos, nos quais hoje reconhece o Senhor que o
chamava", disse.
Assim, há cinco anos, decidiu se
aproximar da pastoral vocacional da Diocese de Garzón. Naquela ocasião,
"os exames indicavam que não havia vestígios da doença".
Durante esses anos, recebeu o
acompanhamento de que precisava para discernir seu caminho, mostrando
"sinais de crescimento na fé".
“Ao longo desses cinco anos de
seminário, o jovem Diego Omar apresentou sinais de crescimento na fé e, durante
um ano e meio, quando a doença reapareceu, distinguiu-se por enfrentar esse
momento tão difícil com uma profunda união de seu sofrimento com a paixão de
Cristo e fazendo palpável uma invejável serenidade diante da realidade da
morte”, afirmou o Bispo. Devido a estes sinais de maturidade, Dom Duque o
considerou apto para ser ordenado diácono e depois sacerdote, por isso
consultou a Santa Sé.
"Tratando-se de um caso
particular, sabendo que é uma corrida contra o tempo e tendo tomado a decisão
final há apenas uma semana, a preparação imediata teve que ser acelerada",
assegurou o Prelado.
Do mesmo modo, indicou que o
jovem seminarista esteve se preparando para receber a ordenação sacerdotal
através de intensos exercícios espirituais.
"A reflexão guiada, a oração
e a escuta intensa da Palavra de Deus é o que lhe dará a preparação para este
momento tão definitivo da sua vida", enfatizou o Bispo.
Fonte: acidigital
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