Ainda no pleno século XXI, muitos continuam ignorantes sobre temas transcendentais como a utilização da palavra África ou africano. Segundo Vizentini (1998), o conhecimento da realidade africana, e mais particularmente da história da África constitui um grave e inaceitável lacuna no ensino y na sociedade brasileira, considerando-se que um grande segmento da população brasileira é de origem africana. Parece até esquizofrenia ou paranóia escutar, ver ou ler nos meios de comunicação (dos mais especializados) expressões como: copa do mundo da África, o presidente da África, os africanos, nas florestas africanas etc. Será que acham que a África é um país? Segundo Rolim (2007) há certa tendência a se falar do agregado África como se fosse uma unidade, um único país e não um continente. No entanto o grau paranóico do caso, não é que as pessoas que ironizam com esse assunto sejam de baixo nível cultural, mas sim intelectuais, cientistas, professores universitários, alunos universitários, trabalhadores dos mais variados meios de comunicação etc.
No Brasil, como noutros países existem estudantes e imigrantes dos diversos continentes (africano, americano, asiático e europeu); no entanto se dirigem para os estudantes ou imigrantes do continente americano como argentinos, bolivianos, peruanos, chilenos, colombianos; dos países da Europa como alemães, italianos, espanhóis, portugueses; da Ásia como chinesa, coreana, japonesa etc. Por que então se dirigem aos estudantes ou imigrantes do continente africano, ou naturais do continente africano como “africanos’ e não como angolanos, congoleses, guineenses, moçambicanos ou senegaleses?
Assim sendo, porque não se dirigem aos outros como asiáticos, europeus ou americanos, como se referem aos africanos? Partindo de um raciocínio lógico, o artigo faz a seguinte pergunta: será que é mesmo ignorância, desconhecimento ou outra coisa? Será que não conhecem os nomes dos países africanos, a cidadania ou a nacionalidades dos países africanos? A sensação que parece é como se fosse que colocam todos os países africanos no sentido do velho ditado “farinhas do mesmo saco”.
Acredita-se que no pleno século XXI, todos já deveriam saber que a África é um continente como Europa, America, Ásia e Oceania ou Austrália. Da mesma forma que a America esta dividida em America do Norte, América do Sul, América central e Caribe, a Europa em Europa central, Europa Ocidental, Europa do Leste etc. por só colocar um exemplo.
Para o conhecimento dos que ainda desconhecem ou se fazem de ignorantes, a África não é um país, mas sim um continente, que também esta dividida em África Ocidental ou de Oeste com Benin, Burkina Fasso, Cabo-Verde, Costa de Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo; África Central com Burundi, Camarões, Chade, Congo, Gabão, Guiné-Equatorial, Republica Centro Africana, Republica Democrática do Congo, Ruanda e São Tome e Príncipe; África Oriental ou de Este conformado por Djibuti, Eritréia, Etiópia, Kenia, Tanzânia, Somália, Uganda; África do índico formado pelas Ilhas de Comores, Seychelles, Madagascar e Mauricio; África Meridional ou Austral formado por Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malaui, Moçambique, Namíbia, Suazilândia e Zimbábue; África do Norte ou Magreb conformado por Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Mauritânia, Sudão e Saara Ocidental.
Ainda voltando à questão da mídia, sobretudo a mídia esportiva, quando se refere à copa do mundo de futebol Sub-17 ou Sub-20, escuta-se muitos comentários nefastos sobre jovens jogadores dos países africanos que participam nessas competições. Alguns comentaristas usam frases como “gatos” ou outras conotações alegando a falsificação de idades dos atletas do continente africano. Isso resulta uma clara difamação e impotência perante o potencial físico dos jovens africanos. Assim sendo, tem o único objetivo de querer demonstrar que os atletas africanos não podem crescer ou ter um físico como os outros. Parece até que só esperavam encontrar atletas desnutridas como imaginam que todos deveriam ser. Por isso, quando olham para um adolescente com um físico potente que é característico de todos os negros africanos, começam covardemente a argumentar que são maiores de idade. Agora bem, quando algum país Africano ganha uma copa dessas categorias, o argumento apresentado por esses difamadores, é que são velhos e quando perdem é porque são ingênuos ou não têm experiência. Então o que é realmente?
O caso curioso é que esses comentários são feito só para os atletas do continente africano, porque se fosse um brasileiro, argentino, alemão ou Espanhol, o comentário seria outro. Por quê? Porque como não são países da África, supostamente devem ter uma boa alimentação, devem ser registrados a tempo etc., já que para eles todos os africanos começam a se registrar depois dos 10 anos, etc. Mas se forem atrás da história, vão ver que existem alguns países da America Latina que formam inclusive expulsos da competição da FIFA por falsificação de idade, mas essa questão parece ser ignorada.
Outro aspecto relacionado com o tema, é que no mundo Ocidental e não só, a tentativa de seguir denegrindo a imagem do continente africano é enorme. Assim, todos os assuntos que se refere a África apresentados nas mídias internacionais, sempre são noticias ou imagens ruins (arquivos de crianças com barriga grande, mal nutrida etc.) como se não existisse nada bom nesses países. O resultado dessas imagens errôneas induz os povos e cidadãos do Ocidente e não só, a construir uma idéia caótica do continente africano fazendo a todos eles acreditar que nos países do continente africano o único que existe é a fome, miséria, guerra, analfabetismo etc.
Um velho ditado alega que não existem perguntas bobas, no entanto algumas exceções deveriam ser feitas ao escutar perguntas de tamanha ignorância como: na África tem carros, tem casas, ou tem Avião? Resulta que para muitos quando se fala de África o primeiro que lhes vem na mente é um lugar ou uma selva cheio de animais selvagens, assim para eles imediatamente ao chegar num país africano vão direto ao encontro dos animais etc.
Existe uma pergunta simples para esclarecer aos que ainda fingem que não sabem: será que os países ocidentais têm embaixadas em algum país africano? Dependendo da resposta a pessoa pode deduzir a sua ignorância porque com certeza os corpos diplomáticos acreditados nos diversos países africanos não viveriam nas selvas ou com os animais como muitos acreditam que se vive na África. Convém reconhecer que existem muitos problemas na maioria dos países da África, mas será que tem lugar que não existem os problemas? Os mesmos problemas também existem na maioria dos países da América Latina, Ásia e até mesmo da Europa e nos America do Norte. A única diferença é que em alguns países esses problemas existem em graus maiores que em outros, mas essa questão não é só africana.
Mas como comenta Rolim (2009), para analisar esses problemas no continente africano seria preciso analisar o período pré-colonial, o colonialismo e o período pós- independência. Porque se reavermos bem a história sem hipocrisias e com bom senso, a conclusão que todos chegariam ou enxergariam, seria que esses países se encontram hoje nessa situação porque foram roubados, expropriados, explorados brutalmente e saqueados covardemente todas as suas riquezas e recursos que tinham durante mais de 600 anos (Fernandes, 2008). No entanto essa situação critica é produto dos interesses dos grandes países ocidentais que bancam e financiam a ditadura local, assim como pelas políticas discriminatórias do BM/FMI, que desestabilizou a economia de todos os países africanos que depois das independências nacionais vinham se recuperando.
Escutam-se muitas expressões como: meu filho foi para África, de que cidade da África você veio etc. que às vezes nos fazem indagar se realmente estamos no pleno século XXI, onde abundam tecnologia, meios de comunicação etc. e que para ter as informações, basta entrar na internet e ter acesso a algumas informações evitando desta forma a realização de perguntas desagradáveis e sem sentido, a não ser que essas perguntas são feitas com outras intenções ou conotações. Não existem África ou africano no sentido em que é usado.
Não existe nenhum país chamado África e muito menos cidadão africano no sentido que é usado. Não é copa do mundo da África, mas sim copa do mundo da África do Sul, que é um país que faz parte do continente africano. Nenhum cidadão do continente africano gosta de ser chamado africano, porque cada um tem seu país e sua cidadania. Como o natural do Brasil gosta de ser chamado brasileiro, da Espanha como espanhol, do Japão como japonês, da mesma forma o natural da Guiné-Bissau gosta de ser chamado guineense, do Congo gosta de ser chamado congolês, da Angola gosta de ser chamado angolano, do Senegal gosta de ser chamado senegalês, da Nigéria gosta de ser chamado nigeriano e assim por diante e nenhum deles gosta de ser identificado como africa.
Professor Nunes Fernandes
Doutorando em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e bolsista da CAPES, Mestre em Administração Financeira pela Universidade de Mondragón (Espanha), professor da Universidade Colinas de Boe (Guiné-Bissau.
No Brasil, como noutros países existem estudantes e imigrantes dos diversos continentes (africano, americano, asiático e europeu); no entanto se dirigem para os estudantes ou imigrantes do continente americano como argentinos, bolivianos, peruanos, chilenos, colombianos; dos países da Europa como alemães, italianos, espanhóis, portugueses; da Ásia como chinesa, coreana, japonesa etc. Por que então se dirigem aos estudantes ou imigrantes do continente africano, ou naturais do continente africano como “africanos’ e não como angolanos, congoleses, guineenses, moçambicanos ou senegaleses?
Assim sendo, porque não se dirigem aos outros como asiáticos, europeus ou americanos, como se referem aos africanos? Partindo de um raciocínio lógico, o artigo faz a seguinte pergunta: será que é mesmo ignorância, desconhecimento ou outra coisa? Será que não conhecem os nomes dos países africanos, a cidadania ou a nacionalidades dos países africanos? A sensação que parece é como se fosse que colocam todos os países africanos no sentido do velho ditado “farinhas do mesmo saco”.
Acredita-se que no pleno século XXI, todos já deveriam saber que a África é um continente como Europa, America, Ásia e Oceania ou Austrália. Da mesma forma que a America esta dividida em America do Norte, América do Sul, América central e Caribe, a Europa em Europa central, Europa Ocidental, Europa do Leste etc. por só colocar um exemplo.
Para o conhecimento dos que ainda desconhecem ou se fazem de ignorantes, a África não é um país, mas sim um continente, que também esta dividida em África Ocidental ou de Oeste com Benin, Burkina Fasso, Cabo-Verde, Costa de Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo; África Central com Burundi, Camarões, Chade, Congo, Gabão, Guiné-Equatorial, Republica Centro Africana, Republica Democrática do Congo, Ruanda e São Tome e Príncipe; África Oriental ou de Este conformado por Djibuti, Eritréia, Etiópia, Kenia, Tanzânia, Somália, Uganda; África do índico formado pelas Ilhas de Comores, Seychelles, Madagascar e Mauricio; África Meridional ou Austral formado por Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malaui, Moçambique, Namíbia, Suazilândia e Zimbábue; África do Norte ou Magreb conformado por Egito, Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos, Mauritânia, Sudão e Saara Ocidental.
Ainda voltando à questão da mídia, sobretudo a mídia esportiva, quando se refere à copa do mundo de futebol Sub-17 ou Sub-20, escuta-se muitos comentários nefastos sobre jovens jogadores dos países africanos que participam nessas competições. Alguns comentaristas usam frases como “gatos” ou outras conotações alegando a falsificação de idades dos atletas do continente africano. Isso resulta uma clara difamação e impotência perante o potencial físico dos jovens africanos. Assim sendo, tem o único objetivo de querer demonstrar que os atletas africanos não podem crescer ou ter um físico como os outros. Parece até que só esperavam encontrar atletas desnutridas como imaginam que todos deveriam ser. Por isso, quando olham para um adolescente com um físico potente que é característico de todos os negros africanos, começam covardemente a argumentar que são maiores de idade. Agora bem, quando algum país Africano ganha uma copa dessas categorias, o argumento apresentado por esses difamadores, é que são velhos e quando perdem é porque são ingênuos ou não têm experiência. Então o que é realmente?
O caso curioso é que esses comentários são feito só para os atletas do continente africano, porque se fosse um brasileiro, argentino, alemão ou Espanhol, o comentário seria outro. Por quê? Porque como não são países da África, supostamente devem ter uma boa alimentação, devem ser registrados a tempo etc., já que para eles todos os africanos começam a se registrar depois dos 10 anos, etc. Mas se forem atrás da história, vão ver que existem alguns países da America Latina que formam inclusive expulsos da competição da FIFA por falsificação de idade, mas essa questão parece ser ignorada.
Outro aspecto relacionado com o tema, é que no mundo Ocidental e não só, a tentativa de seguir denegrindo a imagem do continente africano é enorme. Assim, todos os assuntos que se refere a África apresentados nas mídias internacionais, sempre são noticias ou imagens ruins (arquivos de crianças com barriga grande, mal nutrida etc.) como se não existisse nada bom nesses países. O resultado dessas imagens errôneas induz os povos e cidadãos do Ocidente e não só, a construir uma idéia caótica do continente africano fazendo a todos eles acreditar que nos países do continente africano o único que existe é a fome, miséria, guerra, analfabetismo etc.
Um velho ditado alega que não existem perguntas bobas, no entanto algumas exceções deveriam ser feitas ao escutar perguntas de tamanha ignorância como: na África tem carros, tem casas, ou tem Avião? Resulta que para muitos quando se fala de África o primeiro que lhes vem na mente é um lugar ou uma selva cheio de animais selvagens, assim para eles imediatamente ao chegar num país africano vão direto ao encontro dos animais etc.
Existe uma pergunta simples para esclarecer aos que ainda fingem que não sabem: será que os países ocidentais têm embaixadas em algum país africano? Dependendo da resposta a pessoa pode deduzir a sua ignorância porque com certeza os corpos diplomáticos acreditados nos diversos países africanos não viveriam nas selvas ou com os animais como muitos acreditam que se vive na África. Convém reconhecer que existem muitos problemas na maioria dos países da África, mas será que tem lugar que não existem os problemas? Os mesmos problemas também existem na maioria dos países da América Latina, Ásia e até mesmo da Europa e nos America do Norte. A única diferença é que em alguns países esses problemas existem em graus maiores que em outros, mas essa questão não é só africana.
Mas como comenta Rolim (2009), para analisar esses problemas no continente africano seria preciso analisar o período pré-colonial, o colonialismo e o período pós- independência. Porque se reavermos bem a história sem hipocrisias e com bom senso, a conclusão que todos chegariam ou enxergariam, seria que esses países se encontram hoje nessa situação porque foram roubados, expropriados, explorados brutalmente e saqueados covardemente todas as suas riquezas e recursos que tinham durante mais de 600 anos (Fernandes, 2008). No entanto essa situação critica é produto dos interesses dos grandes países ocidentais que bancam e financiam a ditadura local, assim como pelas políticas discriminatórias do BM/FMI, que desestabilizou a economia de todos os países africanos que depois das independências nacionais vinham se recuperando.
Escutam-se muitas expressões como: meu filho foi para África, de que cidade da África você veio etc. que às vezes nos fazem indagar se realmente estamos no pleno século XXI, onde abundam tecnologia, meios de comunicação etc. e que para ter as informações, basta entrar na internet e ter acesso a algumas informações evitando desta forma a realização de perguntas desagradáveis e sem sentido, a não ser que essas perguntas são feitas com outras intenções ou conotações. Não existem África ou africano no sentido em que é usado.
Não existe nenhum país chamado África e muito menos cidadão africano no sentido que é usado. Não é copa do mundo da África, mas sim copa do mundo da África do Sul, que é um país que faz parte do continente africano. Nenhum cidadão do continente africano gosta de ser chamado africano, porque cada um tem seu país e sua cidadania. Como o natural do Brasil gosta de ser chamado brasileiro, da Espanha como espanhol, do Japão como japonês, da mesma forma o natural da Guiné-Bissau gosta de ser chamado guineense, do Congo gosta de ser chamado congolês, da Angola gosta de ser chamado angolano, do Senegal gosta de ser chamado senegalês, da Nigéria gosta de ser chamado nigeriano e assim por diante e nenhum deles gosta de ser identificado como africa.
Professor Nunes Fernandes
Doutorando em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e bolsista da CAPES, Mestre em Administração Financeira pela Universidade de Mondragón (Espanha), professor da Universidade Colinas de Boe (Guiné-Bissau.
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